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Parece até a Europa, mas não todos

uanto mais pobre o bairro, piores são os serviços públicos. Nas áreas "nobres", tudo é muito melhor. Isso é o que dizia o senso comum. Para melhor apresentar isso nada melhor que os números que comprovem isso. Segundo A Atlas do Desenvolvimento Humano, divulgado em 2005, ficou claro que a desigualdade é extrema na Região Metropolitana do Recife (RMR). 

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Nos anos 2000, apenas 10,44% das pessoas da Unidades de Desenvolvimento Humano (UDH) Brejos da Guabiraba e de Beberibe vivem em domicílio que tem telefone. A região mais atendida pelo serviço é a de Boa Viagem-Shopping (93,56%). AS informações foram divulgadas pelo Atlas de Desenvolvimento Humano.

Em três UDHs do Recife há menos de 1% de moradores que vivem em domicílio com computador. Nova Descoberta (que inclui parte da ZEIS Casa Amarela) tem a pior proporção: 0,66%. A maior porcentagem está na UDH raças/Derby/Espinheiro (66,07%). 

É também nas Graças/Derby/Espinheiro que há a maior proporção de pessoas que moram em domicílio com carro: 87,60%. A pior UDH nesse quesito é Santo Amaro (que inclui as ZEIS Santo Amaro e João de Barros): só 3,95% têm automóvel.

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O Alto José do Pinho apresentava na mesma época, a sua renda era de 0,61%. Em regiões periféricas e quase totalmente pobres, como é o caso do Anel Periférico (anel que engloba o Alto), a lógica da evolução dos valores do IDH é diferente das demais áreas da cidade. Segundo a PCR, a lenta evolução da Renda, de um lado, corresponde aos esforços das famílias que conseguiram alguma estabilidade e, de outro, à reprodução de situação de extrema pobreza em novas periferias.

 

Pelo menos 99 áreas geográficas de 15 regiões metropolitanas do Brasil têm um IDH municipal igual ou superior ao registrado pela Noruega,  segundo levantamento do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) divulgado esta semana.  Hoje, a Noruega é o país com o maior índice de desenvolvimento humano do mundo - 0,944. A média do Brasil é de 0,744 - número considerado elevado, mas não muito alto.  O IDHM mede as chances de um cidadão ter uma vida longa e saudável, acesso ao conhecimento e um padrão de vida que garanta as necessidades básicas.O indicador vai de 0 a 1 - quanto mais próximo de 1, melhor. 

Q

Diferença no básico

Se você olhar alguns séculos para trás, verá que o padrão de vida das pessoas era muito mais próximo da miséria do que num padrão, digamos, digno aos olhos de hoje. Claro que não me refiro aos reis e nobreza que viveram no passado e que são os únicos lembrados nas aulas de história. Falo do cidadão comum, que passou os últimos séculos e por que não milênios, literalmente trabalhando para comer e não morrer de frio.

 

A distância de centros comerciais dificulta que moradores de periferias tenham acesso a produtos nutritivos. A reportagem realizou uma feira básica nos dois bairros e notou uma pequena distinção entre os produtos. 

A capital do 'exemplo'

Entre dez regiões metropolitanas brasileiras analisadas, a do Recife, com quase quatro milhões de habitantes, foi a que teve o pior resultado. Apresentou um crescimento de 16,3% na condição de vulnerabilidade, no período entre 2011 e 2015. A RMR ficou muito à frente das outras três regiões metropolitanas que também apresentaram aumento no indicador: Fortaleza (3,9%), São Paulo (2,4%) e Porto Alegre (0,4%). Os componentes infraestrutura urbana e renda e trabalho foram os maiores responsáveis pelo mau desempenho do Grande Recife.

O resultado interrompe uma tendência positiva que a RMR vinha apresentando no quadro de avanços sociais. Em 2015, última vez que o Ipea divulgou o Índice de Vulnerabilidade Social, a Região Metropolitana do Recife havia apresentado uma redução de 24%, referente ao período entre os anos 2000 e 2010. Na época, todos os indicadores sociais analisados apresentaram uma melhoria no desempenho. Justamente o contrário da atual fotografia. Para compor o Índice de Vulnerabilidade, os pesquisadores consideraram 16 indicadores, agrupados em três campos: infraestrutura urbana, capital humano e renda e trabalho. Neste último ponto, todos os indicadores analisados na RMR tiveram piora no resultado.

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