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O problema de um não é o do outro

14 caracteres, 6 sílabas, alguns significados e uma pronúncia de peso: INFRAESTRUTURA.

 

Se para Karl Max o conceito desse substantivo feminino está relacionado à base econômica da sociedade, ou seja, às forças de produção a partir do conjunto concebido pela matéria prima, pelos meios de produção e pelos trabalhadores; aqui em CONTRASTES a palavra que dá nome a essa seção do site lança luz às questões sobre os serviços públicos de uma cidade. Saneamento, abastecimento d’água, drenagem e coleta de lixo são alguns deles, que fazem a diferença ao modo de viver e pensar a sociedade.

 

Já dissera Ermínia Maricato em “Metrópole, legislação e desigualdade”: a dificuldade de acesso aos serviços e infraestrutura “somam-se menos oportunidades de empregos (particularmente do emprego formal), menos oportunidades de profissionalização, maior exposição à violência (marginal ou policial), discriminação contra mulheres e crianças, difícil acesso à justiça oficial, difícil acesso ao lazer”. A lista, diz a pesquisadora, “é interminável”.

 

Eterno parece ser os problemas enfrentados pela maioria dos quase 100 bairros da capital pernambucana.

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Por quê seria diferente com o Alto José do Pinho, se até mesmo no Espinheiro - bairro de “gente rica” - há dificuldades?

 

“Zé” está  entre as localidades com mais alta exclusão de distribuição de renda em associação com os bairros de mais alta exclusão socioambiental, de acordo com  um estudo da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), que aponta Aflitos, Graças, Jaqueira, Derby e Casa Forte como aqueles com a mais alta inclusão socioambiental.

 

Então, já parou para pensar na existência dos contrastes nas comunidades recifenses? Mais do que lhe fazer imaginar, a gente te propõe refletir. Já que “quando o povo diz, ou é ou está para ser”, ninguém melhor do que ele próprio para lhe conduzir pelas adversidades sociais dos bairros Alto José do Pinho e Espinheiro.

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Disseste Marquês Maricá:

OS POVOS DESENCANTADOS TORNAM-SE INSUBORDINADOS”.

 

Será?

ALTO JOSÉ DO PINHO

Com pouco mais de 12 mil habitantes, o Alto sofre com a fragilidade de sua infraestrutura.

ESPINHEIRO

Apesar da nobreza, Espinheiro sofre com problemas infraestruturais

SANEAMENTO E ABASTECIMENTO

D'ÁGUA

De acordo com a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), o bairro do Espinheiro conta com cobertura d’água com atendimento contínuo, além da rede de esgoto.

 

Lá, a empresa diz enfrentar problemas como vazamentos nas tubulações de água e extravasamento de esgoto na rede coletora. Para isso, o bairro, informa deverá ser contemplado com obras de modernização da rede de distribuição de água, como parte do programa de setorização da cidade do Recife. Essa ação prevê serviços de desativação de redes antigas e implantação de novas tubulações, além da instalação e ativação de redes redutoras de pressão, macromedidores e sistemas de monitoramento e controle por telemetria. Esse trabalho deverá melhorar o abastecimento por meio do aumento do controle operacional do sistema, equalizando as pressões na rede, reduzindo as perdas e a ocorrência de vazamentos.

Já no bairro do Alto José do Pinho, a Compesa não opera rede coletora de esgoto. O local conta apenas com o serviço de abastecimento de água.

 

Lá, de acordo com a companhia, as dificuldades são com a existência de ligações irregulares. Quanto à falta d’água na Rua Chafariz, a Compesa diz que está atuando no local para regularizar o abastecimento dentro do calendário que é de um dia com água e três dias sem.

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O Alto deverá ser contemplado com um projeto de melhoria no abastecimento de água para os morros da capital pernambucana. O bairro deverá também ser beneficiado pelo “Programa Cidade Saneada” - uma parceria público-privada entre a Compesa e a BRK Ambiental. A meta é ampliar a cobertura de esgotamento sanitário nas 15 cidades da Região Metropolitana do Recife.

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Limpeza

Quanto à limpeza do bairro Alto José do Pinho, a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb) diz que o local conta com serviço regular de coleta domiciliar. O trabalho é feito diariamente de forma mecanizada e manualmente por garis em vias onde o caminhão não tem acesso. É o caso dos becos e das escadarias.

 

O serviço regular de coleta no Espinheiro também é feito de forma mecanizada, mas em dias alternados: terças, quintas e sábados, no horário noturno.

 

Já a varrição nesses dois bairros é feita de maneira programada. Equipes volantes trabalham diariamente, priorizando as vias principais, além dos locais onde há um maior fluxo de pessoas.

 

As papeleiras (lixeiras) são instaladas em ruas onde há serviço de varrição, onde são esvaziadas diariamente pelas equipes que fazer esse trabalho.

As lixeiras geralmente são distribuídas nos principais corredores dos bairros, por onde circulam as linhas de transporte coletivo e em locais onde há uma grande circulação de pessoas.

Nenhum dos 2 bairros conta com Ecoestações. Apenas 10 delas estão instaladas nos bairros do Ibura, Imbiribeira, Campo Grande, Totó, Cohab, Torrões, Torre, Arruda, Iputinga e Pina.

Apesar da regularidade dos serviços de limpeza, como você viu nos 2 vídeos, há muitos trechos críticos nos bairros do Alto José do Pinho e do Espinheiro. As pessoas ainda insistem em fazer descarte irregular de entulhos, bem como, o descarte em desacordo com o cronograma da coleta, seja após a passagem do caminhão ou nos dias em que o veículo não passa.

Como você pôde observar os contrastes existem e são muitos. Seja na área nobre e/ou principalmente na pobre - diria Jessé de Souza, a “Ralé Brasileira”. Acontece que historicamente, diz Maricato, “as populações menos favorecidas ocupam as periferias das cidades, onde o direito à cidade é mais negligenciado”. Isso acontece - como mostramos - por faltar, na maioria das vezes, o tal substantivo feminino com 14 caracteres, 6 sílabas e pronúncia forte: INFRAESTRUTURA.

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